Deixa doer, até doer tudo. Depois, quem sabe, passa. E vira uma lembrança boa, sem saudade, só gratidão. Ou, quem sabe, a saudade não passe nunca, e, quem sabe, isso seja bom para nos fazer dar valor ao presente. Saudade é complexa demais para nós, meros mortais e extremamente humanos, sabermos o que fazer com ela. :z
Enfim, de minha alma restou o quê? Um amontoado de saudades. Minha alma é um ferro-velho, na sucata do mecânico João Celestioso. A saudade é uma ferrugem, raspa-se e por baixo, onde acreditávamos limpar, estamos semeando nova ferrugem. Era o que, agora, mais me dava sofrimento. Saudade do bom copo, saudade de ter corpo e não o sentir, saudade até de mijar bem alto de mim. Saudade dos sabores da vida, desses temperos que me esperavam. Não era a refeição que eu comia, era a própria vida que era servida, em pratos sempre luzidinhos.
(Mia Couto, Um rio chamado tempo, uma casa chamada terra.)
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ResponderExcluirDeixa doer, até doer tudo. Depois, quem sabe, passa. E vira uma lembrança boa, sem saudade, só gratidão. Ou, quem sabe, a saudade não passe nunca, e, quem sabe, isso seja bom para nos fazer dar valor ao presente.
ResponderExcluirSaudade é complexa demais para nós, meros mortais e extremamente humanos, sabermos o que fazer com ela. :z
Enfim, de minha alma restou o quê? Um amontoado de saudades. Minha alma é um ferro-velho, na sucata do mecânico João Celestioso. A saudade é uma ferrugem, raspa-se e por baixo, onde acreditávamos limpar, estamos semeando nova ferrugem. Era o que, agora, mais me dava sofrimento. Saudade do bom copo, saudade de ter corpo e não o sentir, saudade até de mijar bem alto de mim. Saudade dos sabores da vida, desses temperos que me esperavam. Não era a refeição que eu comia, era a própria vida que era servida, em pratos sempre luzidinhos.
ResponderExcluir(Mia Couto,
Um rio chamado tempo, uma casa chamada terra.)
Meu abraço: com paz, A. Castro.