terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Dois mil e onze!

Será que só eu não tô acreditando que já é quase 2011? Pois é. Muita saúde, paz e amor. É só isso que a gente precisa.
Aqui vai um dos meus textos favoritos da Martha Medeiros que é perfeito para finais de ano. Até ano que vem. :)


Desejo que desejes

         Eu desejo que desejes ser feliz de um modo possível e rápido, desejo que desejes uma via expressa rumo a realizações não utópicas, mas viáveis, que desejes coisas simples como um suco gelado depois de correr ou um abraço ao chegar em casa, desejo que desejes com discernimento e com alvos bem mirados. 

         Mas desejo também que desejes com audácia, que desejes uns sonhos descabidos e que ao sabê-los impossíveis não os leve em grande consideração, mas os mantenha acesos, livres de frustração, desejes com fantasia e atrevimento, estando alerta para as casualidades e os milagres, para o imponderável da vida, onde os desejos secretos são atendidos.
         Desejo que desejes trabalhar melhor, que desejes amar com menos amarras, que desejes parar de fumar, que desejes viajar para bem longe e desejes voltar para teu canto, desejo que desejes crescer e que desejes o choro e o silêncio, através deles somos puxados pra dentro, eu desejo que desejes ter a coragem de se enxergar mais nitidamente.
         Mas desejo também que desejes uma alegria incontida, que desejes mais amigos, e nem precisam ser melhores amigos, basta que sejam bons parceiros de esporte e de mesas de bar, que desejes o bar tanto quanto a igreja,  mas que o desejo pelo encontro seja sincero, que desejes escutar as histórias dos outros, que desejes acreditar nelas e desacreditar também, faz parte este ir-e-vir de certezas e incertezas, que desejes não ter tantos desejos concretos, que o desejo maior seja a convivência pacífica com outros que desejam outras coisas.
         Desejo que desejes alguma mudança, uma mudança que seja necessária e que ela não te pese na alma, mudanças são temidas, mas não há outro combustível pra essa travessia. Desejo que desejes um ano inteiro de muitos meses bem fechados, que nada fique por fazer, e desejo, principalmente, que desejes desejar, que te permitas desejar, pois o desejo é vigoroso e gratuito, o desejo é inocente, não reprima teus pedidos ocultos, desejo que desejes vitórias, romances, diagnósticos favoráveis, aplausos, mais dinheiro e sentimentos vários, mas desejo antes de tudo que desejes, simplesmente.
Martha Medeiros


Você tem 365 dias para fazer seu 2011 valer a pena.

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Feliz natal!


... me consola, moço. Fala uma frase, feita com o meu nome, para que ardam os crisântemos e eu tenha um feliz natal.
Adélia Prado

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

E eu era.


“E tudo que eu andava fazendo e sendo eu não queria que ele visse nem soubesse, mas depois de pensar isso me deu um desgosto porque fui percebendo, por dentro da chuva, que talvez eu não quisesse que ele soubesse que eu era eu, e eu era”
 Caio Fernando Abreu 
-
E na luz nua eu vi
Dez mil pessoas talvez mais
Pessoas conversando sem falar
Pessoas ouvindo sem escutar
Pessoas escrevendo canções que vozes jamais compartilharam
Ninguém ousou
Perturbar o som do silêncio
The Sound of Silence - Simon & Garfunkel

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

“Contarás nos dedos os dias que faltam para que termine o ano, não são muitos, pensarás com alívio.” (Caio Fernando Abreu)


"Como dois e dois são quatro
Sei que a vida vale a pena
Embora o pão seja caro
E a liberdade pequena."
 
Rubem Alves

Traze-me um pouco das sombras serenas
que as nuvens transportam por cima do dia!
Um pouco de sombra, apenas,
- vê que nem te peço alegria.

Traze-me um pouco da alvura dos luares
que a noite sustenta no teu coração!
A alvura, apenas, dos ares:
- vê que nem te peço ilusão.

Traze-me um pouco da tua lembrança,
aroma perdido, saudade da flor!
- Vê que nem te digo - esperança!
- Vê que nem sequer sonho - amor!

Cecília Meireles

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Se a relação não tem saída, daí mesmo é que aproveito para ficar. (Carpinejar)



“O que tenho, nesse instante, é um sabor inédito de beijo, um novo número de celular para adicionar na minha agenda, uma cor de olhos que não sei definir com precisão, um corpo que se encaixa no meu e uma conversa que me mantém fascinada.”
 Martha Medeiros

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010


Passei a ocupar meus dias pensando sobre o que, afinal, é isso que todo mundo enche a boca pra chamar de amor, como se fosse algo simplificado: defina em meia dúzia de frases, é fácil, querida. É fácil? Pois a querida não entende como uma palavrinha simples formada por apenas duas vogais e duas consoantes pode absorver um universo de sensações contraditórias, diabólicas, insensatas, incandescentes e intraduzíveis. O que é amor?

Martha Medeiros
-
Um cinema velho, antigo, nós dois assistindo algum filme com Marilyn Monroe sorrindo o tempo todo. Você a acha linda. Depois a gente vai dar uma volta na praça, sentir aquele cheiro de pipoca nas esquinas e vou te comprar um saquinho – sem queijo, claro. A lua e as estrelas tão nítidas, afinal, a cidade tem poucos prédios e tudo que nós precisamos é isso: uma praça onde as crianças brincam na fonte, onde os velhinhos jogam pipoca pros pombos, onde namorados passeiam de mãos dadas pra se mostrarem - e um cinema. E olha ai, já já vão ser dez da noite e você tem que voltar pra casa, não tem? Boa moça tá em casa antes das dez. Por mim tudo bem, te levo até o carro, abro a porta pra você que entra com uma careta, achando que eu exagero nessas coisas, mas só o que quero é me exibir pra você. Gosto tanto de você, garota. Peguei esse Ford 1934 emprestado do meu primo, devo um dinheirão pra ele agora, só pra você me achar legal e sair mais uma vez comigo e eu ter mais uma chance pra te conquistar. Dou a volta pra entrar no carro, mas antes de abrir a porta você fecha o pino por dentro e fica mostrando a língua pra mim pelo vidro – já notou a covinha que forma quando você faz isso? – enquanto eu só sorrio pra você.

Pra mim, amor pode até não ser isso, mas pra ser amor, tem que ter, principalmente, isso aí: simplicidade.

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010



"-Você sabia, Ana? Algumas estrelas são leves assim como o ar, a gente pode carrega-las numa maleta. Uma bagagem de estrelas. Já pensou no espanto do homem que fosse roubar essa maleta? Ficaria para sempre com as mãos cintilantes, mas tão cintilantes que não poderia mais tirar as luvas."


"Abro a janela e sinto na cara o ar gelado da noite. A lua, não, a lua já tinha sido quase tocada, talvez nesse instante mesmo em que a olhava algum abelhudo já rondava por lá. Solidão era solidão de estrela."


Lygia Fagundes Telles



"Pleno inverno gelado, agosto e madrugada na esquina da loja funerária eles navegam entre punks, mendigos, neons, prostitutas e gemidos de sintetizador eletrônico - sons, algas, águas - soltos no espaço que separa o bar maldito das trevas do par que na cidade que não é nem será mais a de um deles. Porque as cidades, como as pessoas ocasionais e os apartamentos alugados, foram feitas para serem abandonadas - reflete, enquanto navega.
(...)
Então o rapaz se vai, porque tem outros caminhos, O homem fica, porque tem outros caminhos. Ele acompanha o vulto do rapaz que se vai, exatamente com o mesmo olhar com que acompanho o vulto desse homem parado por um instante à porta do bar. E não ficará, porque esta cidade não é mais a dele. O rapaz sim, ficará, porque é nesta mesma cidade que deve escolher essa coisa vaga - um caminho, um destino, uma história com agá -, se é que se escolhe alguma coisa, para depois matá-la, essa coisa vaga futura, quando for passado, se é que se mata alguma coisa."


O Rapaz Mais Triste do Mundo - Caio Fernando Abreu

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010


"Mas nem sempre é necessário tornar-se forte. Temos que respeitar a nossa fraqueza. Então, são lágrimas suaves, de uma tristeza legítima à qual temos direito. Elas correm devagar e quando passam pelos lábios sente-se aquele gosto salgado, límpido, produto de nossa dor mais profunda."

33 anos sem Clarice. 


Images of broken light which dance before me like a million eyes, they call me on and on across the universe. Thoughts meander like a restless wind inside a letter box, they tumble blindly as they make their way ACROSS THE UNIVERSE!

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

07/12



No fundo, a gente não é muito diferente do vizinho que gosta de ouvir música sertaneja de madrugada ou do padeiro que acorda às 4 da manhã todos os dias pra começar o trabalho. Todo mundo tem um lado bom e outro ruim, uma alegria e uma tristeza na vida. Depende o que a gente escolhe ser – porque a vida é mesmo lotada de escolhas.
Eu costumava não acreditar em destino. Achava que a gente era maior do que uma história pré-contada, mas agora não tenho tanta certeza disso. Talvez, os caminhos estejam mais ou menos traçados, sei lá. O fato é que as coisas realmente  acontecem na hora e do jeito que devem acontecer.
Fiz 18 anos. Aquela alegria que todo aniversário trás eu ainda não troco por nada. Não acredito que aniversário seja sinônimo de metamorfose, mas é sempre a chance de se zerar por dentro. De recomeçar. Nunca fui de dramatizar as coisas, sempre fui altruísta (e bobo) demais pra isso e pensava: tem coisa pior. Tem não. A gente tem mais é que curtir uma boa duma fossa às vezes, só assim pra dar valor praquele céu azul de um domingo qualquer, pro sorriso que você recebe de uma pessoa na rua, só assim pra respirar e saber que só o fato de estar vivo já é pra ser comemorado.
Olhando pra trás eu até me decepciono pelo tanto comum que eu sou. Por isso olhar pra frente e encontrar um futuro incerto é muito melhor. Que venham mais chateações, festas, sorrisos, filmes, porres, shows, amigos, pores do sol, nuvens desenhadas e o que tiver que vir! Se eu aprendi uma coisa nessas quase duas décadas é que os detalhes da vida não são importantes. Detalhes são restos, e como disse Caio Fernando Abreu: ninguém nunca precisou de restos pra ser feliz.

ps. desculpem o post que não tem nada a ver com o blog. só tava precisando disso tudo. :)

sábado, 4 de dezembro de 2010

Saudade é uma palavra portuguesa e galega para um sentimento de espera nostálgica por alguma coisa ou alguém que foi amado e depois se perdeu. Geralmente carrega um tom fatalista e um conhecimento repreendido de que o objeto de espera pode nunca retornar. Uma vez foi descrevida como "o amor que permanece" ou "o amor que fica" depois que alguém se foi.

Isso é lindo.  

ps. desculpem qualquer erro na tradução. haha

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Então eu vou com você.


Devia ser sábado, passava da meia-noite.
Ele sorriu para mim. E perguntou:
- Você vai para a Liberdade?
- Não, eu vou para o Paraíso.
Ele sentou-se ao meu lado. E disse.
- Então eu vou com você.

Poisé, Caio F.!